Todo livro de poemas é falso
porque poesia falsifica a alma
vicia espírito, desencadeia origem obscura
(porque a poesia é trama
de palavras e metáfora
fonte de simulacro
esteira de vaidade
da verdade calabouço)
porque memória é traiçoeira
parturiente de estranha trama
poeta usa-a em seu circo de palavras
porque poeta traumatiza a vida
envolvendo-a nas ataduras macias do verbo
(que Deus inventou para criar o mundo).
Eu peregrino de labirintos perdidos
( no rosto humano )
medram-me dos olhos
sinuosos corredores, portas vãs
muros hipnóticos, certezas foragidas
enraizaram-se de mim
labirinto que move o corpo (e o algema)
a alma pede (no cipoal da carne
algumas de suas intrincadas sombras rastejam)
lacunas para que se complete (e assuma)
peregrino labirinto
hábito do meu espírito
quilha, cidadela
rumo da nau do destino.
( Eu e a nau da sina)
11.03.2011